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Foto do escritorLoruamma F. Zuza

Ateóstico e a Senhora Reflexão - PARTE III

Atualizado: 22 de set. de 2022

[...] Leia antes a parte I e II.


Reflexão - Percebes que tu não me consideras existente na realidade por conta da tua premissa?

Ateóstico - Tu existes na minha mente, mas não na realidade.

Reflexão - Tu me vês, tu me ouves, no entanto ainda sim eu não existo para ti. Como tu determinas o que é a realidade?

Ateóstico - Eu determino a realidade assim como separo as coisas que existem das coisas que não existem. Tudo que foge da matéria, do tangível, do verificável e da racionalidade humana são apenas devaneios.

Reflexão - A experiência de um indivíduo que se enquadre no que tu chamas de “devaneios” não pode ser considerada realidade?

Ateóstico - De modo algum, pois não há como verificar.

Reflexão - Entendo. A realidade para ti é só o que é verificável. Mas quando o indivíduo é você? Ao acaso tu descarta tua experiência para manter tuas premissas?

Ateóstico - Eu não descarto, eu apenas tento compreendê-la dentro da racionalidade. Reflexão - Decerto que sim. Agora, existindo eu ou não, o que tu não vês é que tu não determina a realidade pelo mundo físico e pela racionalidade, mas por outra coisa que não deste crédito.

Ateóstico - E o que seria?!

Reflexão - A percepção da realidade. Não são os fatos e o mundo material que ditam a realidade para ti, mas a sua percepção com relação à ela. Sua percepção da realidade dita o que existe e o que não existe para ti. O mundo material acaba sendo uma forte evidência da realidade, mas é a percepção da realidade que torna o mundo material uma forte evidência. Sobre um mesmo fato, tem-se diversas explicações e pontos de vista.

Ateóstico - Pode ser que a realidade seja relativa.

Reflexão - Se a realidade fosse relativa, o mundo e o universo seriam um caos, no entanto não é assim. O que te convido a refletir é que existe a realidade e a percepção dela. Digamos que a realidade simplesmente é. Ela independe do indivíduo. Deixe-me te dar um exemplo: se os seres humanos deixassem de existir, nem por isto o planeta e tudo que há deixaria de existir. Logo, se eles não dependem do ser para que exista, a realidade é absoluta. Já a percepção está ligada ao ser que interpreta o que está à sua volta. Diria que a percepção da realidade é composta por duas partes: uma é a codificação da realidade por meio dos sentidos do ser. O ser percebe o que lhe rodeia através dos sentidos e o cérebro decodifica a informação. A outra parte é a interpretação desta informação através das "premissas humanas". As premissas são formadas ao longo da vida do indivíduo, desenvolvidas pela educação recebida no seio familiar, cultura, contexto social, religioso, histórico, filosófico, tecnológico, experiências pessoais, dentre tantas outros fatores. Elas são indispensáveis para viver, no entanto muitas delas bloqueiam o processamento de novas informações e a compreensão de novas experiências. Existem premissas que funcionam como filtros, e tu vês através delas como lentes. Lentes estas que podem até negar o fato afim de atender a premissa. São estas “lentes” que te fazem estar convicto que eu sou uma fantasia da tua mente.

Ateóstico - Então, queres me convencer que tu és real?

Reflexão - Não quero te convencer sobre a realidade. O fato é que tu me vês e falas comigo, e este fato não podes negar, pois os teus sentidos perceberam e teu cérebro decodificou. Quero te convidar a refletir sobre as premissas que tu tens para interpretar este fato. Reflitir sobre tuas convicções.


[...] Tem continuação.

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